Gestação Assistida: Caminhos, Emoções e Cuidados
Além do desejo de gerar vida, a jornada da gestação assistida apresenta complexidades e desafios singulares. Por isso, a psicóloga Brunete Gildin aborda neste artigo como esse processo pode ser vivido com mais consciência, acolhimento e preparo emocional.
Ainda hoje, muitas pessoas não têm clareza sobre o que envolve a gestação por meio de técnicas de reprodução assistida, o que torna essencial informar-se com calma e apoio profissional.
- O que é gestação assistida?
Primeiramente, é válido definir o conceito: gestação assistida refere-se aos métodos pelos quais uma pessoa ou casal recorre a técnicas médicas para alcançar a gravidez ou para que outra pessoa gere o bebê, como ocorre em casos de gestação por substituição ou doação de gametas.
Em seguida, é importante ressaltar que essas técnicas incluem a fertilização in vitro (FIV), a inseminação intrauterina (IIU), o congelamento de óvulos ou embriões, entre outros procedimentos que visam apoiar a concretização da parentalidade.
Logo, no contexto brasileiro, vemos que o setor de medicina reprodutiva tem projeção de crescimento expressiva — por exemplo, segundo reportagem do portal Terra, o segmento movimentou cerca de R$1,3 bilhão em 2023, com previsão de ultrapassar R$3 bilhões em 2026. Terra
Por fim, cabe lembrar: para além da parte técnica, esse caminho exige atenção ao aspecto emocional, psicológico e simbólico da vivência da gestação assistida.
- Por que recorrer à gestação assistida?
Em primeiro lugar, muitas pessoas optam por essas técnicas por motivos de infertilidade, atraso materno ou paterno, alterações nos gametas, entre outros fatores físicos.
Em segundo lugar, há também casos em que casais homoafetivos, pessoas solteiras ou com doença genética optam por esse caminho para formar família.
Nesse sentido, a reportagem da CNN Brasil destaca novos desafios éticos e legais que surgem no país em torno da reprodução assistida. CNN Brasil
Ainda, outro motivo frequente é o congelamento de óvulos como forma de preservação da fertilidade — no Brasil, o congelamento de óvulos já existe desde 1980, mas ganhou maior procura recentemente. Jornal USP
Assim, a gestação assistida pode oferecer uma alternativa para quem enfrenta obstáculos à concepção espontânea — mas também traz implicações emocionais e simbólicas que merecem ser reconhecidas.
- Aspectos emocionais e simbólicos da gestação assistida
Primeiramente, para muitas pessoas, a gestação assistida representa uma “segunda via” para o desejo de maternidade ou paternidade — e por isso pode emergir a sensação de “ter que compensar” ou “ter que dar certo a todo custo”.
Logo, esse peso interno pode gerar ansiedade, culpa ou pressão.
Além disso, há a questão simbólica da geração do filho: quem é a mãe ou o pai genético? Quem é a mãe gestante?
Qual o papel simbólico do cordão, da gestação, do vínculo? Nesse cenário, a psicóloga Brunete Gildin pode ajudar a explorar essas questões com os clientes, oferecendo espaço para que as emoções sejam reconhecidas e trabalhadas.
Ainda, o fato de utilizar tecnologia para gerar vida também pode ativar reflexões existenciais profundas: “o que significa ter controle sobre a concepção?”, “como lido com a contingência da vida, da infertilidade, do adiamento?”.
Por fim, o apoio psicológico ao longo de todo o processo — antes, durante e após a gestação — torna-se recurso valioso para integrar a experiência emocional, simbólica e relacional dessa maternidade ou paternidade assistida.
- Desafios práticos e cuidados no caminho
Em primeiro lugar, existem aspectos médicos e técnicos a serem considerados: idade da mulher, qualidade dos gametas, indicação de doação, risco de gêmeos ou múltiplos, custos, tempo de espera, legislação e ética.
Por exemplo, um estudo apontou que até 25% das gestações por reprodução assistida no Brasil são de gêmeos. jornalocandeeiro.com.br
Em segundo lugar, o acompanhamento psicológico deve contemplar o preparo para possíveis frustrações, perdas ou tentativas múltiplas.
Ainda, é importante articular com o casal ou pessoa individual os passos do tratamento, as expectativas realistas, os possíveis efeitos colaterais, os impactos no estilo de vida.
Em terceiro lugar, a manutenção da saúde mental e do suporte emocional — para a gestante, para o parceiro ou parceira, e para o cenário familiar — é elemento essencial para que o processo seja mais humano, integrado e menos mecanizado.
- Como a Gestalt dialoga com a gestação assistida
A Gestalt não vai olhar só para o “processo médico”, sabe? Ela se interessa pelo viver da experiência, pelo que está acontecendo no aqui-agora do indivíduo ou do casal. E na gestação assistida o que não falta é experiência intensa.
Vou te mostrar alguns pontos fortes desse diálogo:
1. A experiência emocional do processo
A Gestalt pergunta: Como isso está sendo para você agora?
E a gestação assistida costuma envolver:
- expectativa enorme,
- medo de perder o controle,
- frustração quando os ciclos dão errado,
- alívio e alegria quando dão certo,
- sensação de “estar sendo observado” por médicos, exames e protocolos.
A Gestalt legitima tudo isso. Ela convida a pessoa a habitar essas emoções, sem moralizar ou tentar “consertar”.
2. Contato e interrupções de contato
A gestação assistida é um momento onde aparecem muitas interrupções de contato típicas da Gestalt:
- Antecipação ansiosa (“E se não funcionar?”)
- Retroflexão (“Não posso demonstrar fraqueza, tenho que ser forte.”)
- Confluência (“O que os médicos dizem é o que eu devo sentir.”)
- Deflexão (fuga emocional, racionalização excessiva dos exames)
O trabalho gestáltico ajuda a perceber essas interrupções e retomar contato consigo, com o parceiro, com o corpo e com o processo.
3. Corpo como lugar de experiência
A Gestalt valoriza muito o corpo — e a gestação assistida mexe profundamente com ele:
- hormônios,
- agulhas,
- exames invasivos,
- sensações novas,
- ritmo alterado do ciclo.
A abordagem gestáltica apoia a pessoa a escutar o corpo, perceber tensões, permitir expressão e não transformar o corpo apenas em “máquina reprodutiva”.
- Fenomenologia e singularidade
Cada caso de gestação assistida é único.
A Gestalt não vem com manual nem com interpretação fechada. Ela se pergunta:
- Como você dá sentido a isso?
- O que significa para você ser mãe/pai?
- O que acontece quando você pensa em não conseguir?
- Como é depender de um procedimento externo para gerar uma vida?
Isso abre espaço para diálogos profundos sobre identidade, sexualidade, estimativas internas de valor e projetos existenciais.
5. Ajustamento criativo
Gestação assistida exige um ajustamento criativo gigante:
- lidar com a quebra de expectativas;
- negociar com o parceiro os limites e desejos;
- ressignificar maternidade/paternidade;
- reinventar a forma de criar uma família.
A Gestalt vê isso como processo vivo, móvel, que pode gerar crescimento mesmo dentro da dor.
6. Relação terapêutica como suporte
O paciente/casal muitas vezes se sente:
- exposto,
- medicalizado,
- pressionado,
- sem controle.
Na Gestalt, a relação terapeuta–cliente é encontro autêntico, onde a pessoa pode baixar a guarda e simplesmente existir, sem precisar performar “força”.
Para quem passa por FIV, inseminação ou doação de gametas, isso é ouro.
- Quando procurar apoio psicológico e qual papel da psicóloga Brunete Gildin
Em primeiro lugar, é recomendado que o apoio psicológico seja buscado desde o planejamento do tratamento ou logo após a decisão de recorrer à gestação assistida — pois o emocional se antecipa e acompanha todo o percurso.
Ainda, o papel inclui: trabalhar expectativas realistas, mediar impacto no vínculo entre o casal ou na rede familiar, explorar implicações da parentalidade assistida, apoiar diante de perdas ou desistências, promover elaboração simbólica da maternidade ou paternidade.
Em suma, o acompanhamento psicológico evidencia que essa gestação não é apenas “técnica”, mas também profunda vivência humana.
- Considerações finais
A Gestalt ajuda na gestação assistida:
- acolhendo emoções sem julgamento,
- trazendo consciência para o corpo,
- fortalecendo contato consigo, com o outro e com o próprio processo,
- sustentando crises existenciais,
- e ajudando a pessoa a criar novos significados para a parentalidade.
É basicamente uma abordagem que traz humanidade para um processo que, muitas vezes, vira técnico, frio e cheio de protocolos.
Em definitivo, a gestação assistida é uma fronteira entre ciência, desejo, cultura e símbolo. Da mesma forma que é tecnologia, é também alma. Assim, para quem trilha esse caminho — e para quem oferece apoio — é imprescindível olhar para a pessoa como um todo: corpo, mente, emoção e história.
Por isso, a psicóloga Brunete Gildin reafirma seu compromisso em oferecer acolhimento qualificado e com profundidade, para que essa nova forma de gerar vida possa ser vivida com significado, presença e cuidado.
Em última instância, a gestação assistida não é “menos mãe” ou “menos pai” — ela é outra forma de gerar, amar e estruturar família.
Por fim, desejo que cada pessoa que se encontra nessa trajetória encontre o suporte, a luz simbólica e o vínculo terapêutico que merecem.
Se você tem interesse em saber mais sobre esse tema ou deseja ajuda psicológica para esse momento, entre em contato com a psicóloga Brunete Gildin.